domingo, 28 de agosto de 2016


AS LIÇÕES DA OLIMPÍADA
 
Arnaldo Niskier
da Academia Brasileira de Letras, do Conselho Técnico da CNC e ex-Secretário de Estado de Educação e Cultura/RJ
 
 
Foi-se a 31ª Olimpíada e o Rio de Janeiro, como era esperado, demonstrou sua imensa capacidade para organizar eventos de grande porte. O prefeito Eduardo Paes, elogiando o Boulevard Olímpico e as novas linhas de metrô, do BRT e do VLT, deu nota 10 aos Jogos Olímpicos. A cidade é mesmo maravilhosa e o povo extremamente sensível, como revelaram, agradecidos, mitos do esporte como Michael Phelps, Usain Bolt (como foi gostoso vê-lo no Maracanã torcendo pelo Brasil) e Simone Biles. Astros brasileiros deram o seu recado, como Neymar no futebol e Wallace no voleibol. Foram nossas estrelas de primeira grandeza.
Ganhamos um número inédito de medalhas (19), especialmente 7 de ouro. Ficamos em13o lugar entre 206 países. E a liderança em esportes inimagináveis, como vela e canoagem (onde Isaquias Queiroz obteve inéditas 3 medalhas). Nosso esporte revelou também significativa presença feminina.
Quais as lições que ficam disso tudo? Em primeiro lugar a necessidade de privilegiar o enlace educação-esporte. Temos 60 milhões de estudantes em nossas escolas. Já imaginaram esse imenso potencial, espalhado pelo país inteiro, sendo cuidado devidamente naquilo que chamamos de Educação Física?
Não basta ser disciplina obrigatória nos currículos escolares, especialmente na educação básica. Na prática, milhares de estabelecimentos de ensino transformaram essa obrigação em prosaicos campinhos de pelada. E o que dizer da precaríssima formação de professores? É preciso também construir equipamentos diversificados, importar outros, para atender às mais diversas regiões do país. Não se faz isso sem aplicar recursos financeiros adequados.
É assim que são obtidos bons resultados. Veja-se o exemplo de Cuba, que conhecemos pessoalmente. Deu atenção especial aos chamados esportes de alto desempenho e logo se viu, pelo número de medalhas conquistadas, apesar da sua pequena população, que esses cuidados produzem consequências excepcionais. Além de um marketing vitorioso.
Que somos competentes, ninguém mais duvida. Resultados no vôlei e no futebol de campo comprovam isso. Estamos vivendo um tempo de discussão em torno da chamada Base Nacional Comum Curricular (BNCC), para alcançar bons resultados se possível a partir do ano próximo. A preocupação abrange matérias como História, Matemática e Língua Portuguesa, que são as mais afetadas pela reação dos nossos especialistas. Pode-se indagar onde fica a Educação Física, nesse processo.
É claro que ela pede cuidados especiais por parte do Ministério da Educação, especialmente dos membros do Conselho Nacional de Educação, que centralizam toda essa discussão. Aproveitar as lições da Olimpíada do Rio se torna uma obrigação inadiável das nossas autoridades, aproveitando a onda positiva que se criou. Não devemos nos restringir ao apoio inteligente das Forças Armadas ao esporte brasileiro, o que já trouxe bons resultados. É preciso ampliar essa missão e certamente todos sairemos ganhando.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

sábado, 20 de agosto de 2016

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Ainda sobre a emoção indescritível de conduzir a tocha olímpica - 03.08.2016

 Chegando o momento especial!
 Com Luzi Carlos Trabuco Cappi - presidente do Bradesco
Com a equipe Bradesco.
 Somos todos olímpicos!
A tocha é do povo!

terça-feira, 2 de agosto de 2016

      A TOCHA OLÍMPICA
 
                                   Arnaldo Niskier
da Academia Brasileira de Letras

 

                                                    O Brasil vai participar dos Jogos Olímpicos com 462 atletas.  E mais uma porção de corredores que terão o privilégio de carregar a tocha olímpica pelas ruas do Rio de Janeiro.  Convidado pelo prefeito Eduardo Paes, serei um desses atletas, recordando os bons tempos em que defendi as cores do América Futebol Club e do Club Municipal. Deste, fui campeão carioca de basquete!

                                                    Disse bem o prefeito: “Carregar a chama olímpica é uma das maiores honras do planeta.  Participar do revezamento da Tocha Olímpica no Rio de Janeiro é um sentimento único, um privilégio para poucos no mundo.”

                                                    Devo carregar a tocha olímpica por cerca de 200 metros, na Avenida Presidente Antonio  Carlos, no centro da cidade, no dia 3 de agosto, pela manhã.  Tenho a confiança do presidente do Bradesco, Luís Carlos Trabuco Cappi, que me enviou mensagem em que revela: “Pra você não faltará forma física, pernas que o saudoso América presenciou, como grande jogador que foi...”

                                                    Aproveito essa oportunidade, na verdade inédita, para recordar os quase 30 anos em que pratiquei esportes, sistematicamente.  Garoto ainda, com pouco mais de 10 anos, morador na Tijuca, fui nadador do América, treinando na pequena piscina de 20 metros, na rua Campos Sales.  Durante três anos não conheci inverno ou verão, treinando de segunda a sexta-feira para as competições que se realizavam aos domingos, nos diversos clubes do Rio, como o Fluminense, o Guanabara, o Vasco da Gama, o Santa Teresa, o Flamengo e outros de menor porte.  Resultado: ganhei 56 medalhas, hoje conservadas em grande estilo.  A primeira delas foi histórica: tirei um segundo lugar na distância de 40 metros.  Cheguei em casa e disse a colocação.  Fui saudado por meus irmãos e pais.  Lá pelas tantas, o meu irmão Odilon perguntou quantos nadadores haviam disputado a prova em que eu tirara o 2º lugar: “Foram dois”, disse eu.  Levei uma vaia estrondosa.  Não levaram em conta que completar a prova já era uma extraordinária conquista...

                                                  Depois fui infanto-juvenil do América, treinado pelo seu Freitas.  Quando houve uma debandada do juvenil de futebol do América para o Flamengo (nessa leva foi embora também o Zagallo, meu amigo de infância), subiu o nosso time para o juvenil, onde cheguei a treinar como titular da meia esquerda  por três vezes.  Só que os treinos eram à tarde e eu já trabalhava na ocasião, não podia faltar.  Tive que desistir da minha carreira de jogador de futebol.

                                                 Passei a treinar no juvenil de basquetebol, à noite,  sob a liderança do Rob.  Disputei três campeonatos oficiais pelo AFC.  Quando fiz 18 anos, com a idade estourada, pedi transferência para o Club Municipal, também na Tijuca, por onde disputei o campeonato carioca da segunda divisão.  Fomos campeões cariocas, numa final disputadíssima com o  Grajaú T.C.  Hoje, sou atleta laureado do Club Municipal, o que não deixa de ser uma grande honra.

                                                 Com esse passado, a que se deve agregar o trabalho profissional como cronista esportivo (Última Hora e Manchete Esportiva) penso que fiz por merecer a honraria de carregar a tocha olímpica.

Arnaldo Niskier na mídia - jornal O Globo - edição de 2 de agosto de 2016.


Arnaldo Niskier na mídia - jornal O Globo - edição 2 de agosto de 2016.