Arnaldo Niskier
da Academia Brasileira de Letras
Foram duas as
grandes paixões de Sábato Magaldi. A primeira delas pela esposa, a também
escritora Edla Van Steen. A segunda, sem dúvida, pelo teatro. Entre seus mitos,
tinha uma especial predileção pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, a quem aprendeu
a admirar a partir da estreia de “Vestido de Noiva”.
Sábato foi
crítico teatral, teatrólogo, jornalista, professor, ensaísta e historiador. Em
todas essas atividades, fez jus ao que Nelson Rodrigues dele dizia: “Era uma
doce figura”. Ganhou em 1990 o Prêmio Machado de Assis e sua grande obra foi o
“Panorama do Teatro Brasileiro”, da Global Editora, lançado em 2001.
Além de ocupar
com brilho a cadeira no 24 da Academia Brasileira de Letras,
Sábato Magaldi foi professor titular de História do Teatro Brasileiro da Escola
de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo e lecionou durante quatro
anos nas universidades francesas de Sorbonne e de Provence. Tornou-se professor
emérito da USP.
Entrou para a
ABL em 25 de julho de 1995, na sucessão de Cyro dos Anjos, e foi recebido pelo
poeta Lêdo Ivo. A espada foi-lhe entregue por Barbosa Lima Sobrinho.
Embora nascido
em Belo Horizonte, Sábato começou no jornalismo no Rio de Janeiro, trabalhando durante
três anos no “Diário Carioca” (período de 1950 a 1953). Depois foi para São
Paulo, onde prestou colaboração aos principais jornais paulistanos. Ao longo de
uma vida de 89 anos, escreveu 18 livros, entre os quais podemos destacar:
“Moderna Dramaturgia Brasileira” (Editora Perspectiva), “Obras de Nelson
Rodrigues” (Global Editora) e “Cem anos de teatro em São Paulo” (Editora
Senac).
Sábato acumulou
diversos prêmios nacionais e internacionais. Quando instado a falar sobre
Nelson Rodrigues, de quem se tornou um grande amigo, considerava o seu teatro
“muito prazeroso”, sempre elogiando o olhar afetuoso desse reconhecido e
competente pensador.
O mundo
intelectual e artístico reagiu com muito carinho ao passamento de Sábato
Magaldi. A Acadêmica Nélida Piñon disse que ele repartiu com o Brasil a
grandeza e a essência contidas na arte de representar. Para o diretor de teatro
Amir Haddad, do Grupo Tá na Rua, “lá vai com ele uma parte da história. Da
minha história também, da minha geração, da construção do novo teatro
brasileiro.”
Ele não foi
apenas o grande especialista em Nelson Rodrigues, mas investigou a obra teatral
e antropofágica de Oswald de Andrade, além de ter dedicado atenção especial a
Oduvaldo Vianna Filho e Plínio Marcos. Depois, foi a fase dos encenadores, com
os trabalhos de Antunes Filho e José Celso Martinez Correa. Como crítico
aplaudido, costumava afirmar que não escrevia para o ator nem para o autor:
“escrevo para o público”. É esse público que agora sente a sua ausência.
Segundo o crítico Jacó Grinsberg, Sábato Magaldi tem um lugar relevante na
bibliografia teatral brasileira.
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